No teatro os assentos iam sendo ocupados. O show
começaria e o desejo de ver a peça tão querida findaria.
Marilia – Onde vamos sentar? Pergunta a amiga Regina.
Regina – O mais próximo possível do palco. Olha ali, tem
dois lugares sobrando.
As duas amigas tomam posse do lugar e felizes por estarem
presentes a mais uma encenação da vida sorriem.
Em meio à expectativa que faz parte do clima, aparece do
nada uma senhorinha (que logo a chamariam
de velhota. Sigo a contar)
Senhorinha - Por favor, é aqui que ficam as poltronas 03,
04 e 05?
As moças travam olhar.
Senhorinha – É que eu e minhas amigas estávamos aqui e
como precisávamos tomar remédio saímos.
Marilia – Sim, é aqui.
Regina com olhar de desaprovação, chegando á conclusão do
que a tal queria, quase cospe
fogo na cara da “senhorinha”.
Senhora – Então, como já tomamos o remédio voltamos e
queremos sentar.
Regina - Hoje não há cobrança de bilheteria, os acentos estão
liberados para quem chegar.
Senhorinha – Mas eu sou idosa (imputação de preferência, sinônimo
de decadência).
Regina – Vai se foder, velha asquerosa! Bem que ela queria ter dito isso, mas apenas
fez sinal de não com a cabeça.
Marilia – Mas onde vamos sentar? O teatro esta lotado? A
maioria das poltronas ocupadas?
E ao lado Regina bufava com tal disparate da velhota.
Senhorinha – Tudo bem! Vocês não vão sair certo?
A Velhota fica indignada com a má criação das jovens
meninas.
Senhorinha - Vou falar então com o responsável.
E a velhota parte enfurecida.
Regina – Que merda, essa tia ai Marilia! Sai pra tomar
remédio e acha que é assim! Por que não guardou lugar? Precisava ir todas, não
podia ficar uma garantindo o acento das outras? Lamento, mas não me levanto e
sem contar que a bilheteria hoje é liberada, ninguém que esta aqui pagou pra
entrar...
Marilia concorda e começa um buchicho próximo ao público
vizinho, que diziam: Qual é mesmo o número que elas queriam? Ufa! Ainda bem que
não é o meu lugar, outros diziam.
Diante a esse alvoroço no palco o telão desce e Rui
Castro começa a relatar referências da peça e do bom moço que as escreveu.
As luzes vão se apagando e a velhota não aparece mais.
Quem é frequentador de cinema, teatro sabe muito bem que
antes de iniciar “a maravilha” somos abordados por algumas leis e decretos de
como devemos nos comportar, do que não pode funcionar e se houver incêndio,
para onde devemos ir.
Mas Marilia tem um lapso e cutuca a amiga deixando sair
pela boca sua imaginação...
O Locutor - O
Ministério da educação informa que por decreto lei nº blá! blá! blá! fica
proibido sentar no lugar de velhinhas.
As duas imaginando a situação não param de rir e o
locutor no imaginário continua...
O Locutor – Portanto vocês ai, sim, vocês Regina e Marilia queiram se levantar e ceder o lugar!
A gargalhada toma maior proporção e a imaginação ainda
não termina...
O locutor – É com vocês mesmo meninas, não vão se
levantar?
Risos e mais risos.
Bem, essa cena já foi vista em alguma dramaturgia e tenho
certeza se vivo, Nelson Rodrigues a contaria.
Privada a vida só
mesmo no banheiro de casa.
Sandra Freitas
São Paulo, 20 de Novembro de 2012.
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