Noite em
flâmula
Roteiro? escrito por
Sandra Freitas
Ext. Dia
(trem)
Já passava
das 10am e sem nenhum tormento a viagem seguia como todos os dias. Joana (35)
sabia de cor e salteado a paisagem do lado de fora do trem. ERICA (28) uma
amiga a quatro estações a frente, sempre a esperava para irem juntas ao
trabalho.
Chegando a
estação onde se encontraria com a amiga, a porta do trem abre e logo em seguida
Joana avista Erica.
ERICA
Oi, amiga, bom dia!
JOANA
Bom dia flor! Como foi sábado?
ERICA
Estava tudo certo para o encontro com
o
MATHIAS (33).Você nem vai
imaginar o
que aconteceu menina?
JOANA
Conta logo! Estou curiosa.
ERICA
Pois é, deixa eu te contar o que se
sucedeu.
Embora já ter combinado tudo com
Mathias
Como te falei. Cheguei em casa e
quase
Desisti, mas dai pensei: o que vou
perder
se acaso não ir?
Daí tomei
aquele banho, me
maquiei, foi difícil escolher a
roupa,
mas você acredita que aquela que
nem pensei,
pois é, foi essa que coloquei.
JOANA
E ai, o que aconteceu?
ERICA (INT. CASA)
Me perfumei toda, quando olhei no
espelho,
nem acreditei que a imagem
refletida ali
era eu. Eu estava um arraso
colega.
Saindo de casa, paro em frente ao
ponto
de taxi. Duas garotas, não sei
de onde
saíram começam a falar
comigo,
perguntando-me qual vai ser
minha decisão?
Fiquei com medo, assustada, não
entendendo
aquela situação.
Dizia não ser eu quem elas
procuravam e
também que nem sabia qual a
questão que
deveria ser respondida?
Não adiantava minhas palavras, elas
a
deixavam de lado e só queriam
que eu
respondesse: Qual sua decisão
querida?
Engraçado em meio a tanto medo, as
achei
Belas, eram lindas as malditas.
Fiquei
aflita. Tentei
por várias vezes me desvencilhar,
mas elas
não me
deixavam passar. Foi então que
surgiu do outro lado da rua um
velho
maltrapilho seguido por um
bando de cães encardidos e as moças
deu uma
ordem:
VELHO MALTRAPILHO
(Aproximadamente beirando seus 70 anos)
Vão embora, deixem ela em paz!
ERICA
Logo em seguida vi pneus cantar,
o ar ficou
com um cheiro ruim e quando me dei conta só
havia eu ali na rua.
JOANA
Que loucura! Mas você não as
conhecia mesmo?
Elas apareceram do nada?
ERICA
Pois é, Senti um arrepio na
espinha, as mãos
estavam
frias e ali elas já não estavam.
JOANA
E o velho o que aconteceu?
ERICA
Não sei, ele também desapareceu.
JOANA
E o encontro com o Mathias, como
foi?
E você acha que depois disso eu
continuei
com o intento de sair? Fui pra casa e hoje
já é segunda, acredita que nem liguei pra
ele ainda?
Erica olhou
para o rosto da amiga e viu a imagem refletida de interrogação.
ERICA
O que você acha de tudo isso?
Diz amiga,
preciso
de sua opinião.
JOANA
Acabou ai? Não tem mais nada
para me contar?
Te conheço, desembucha!
*Antes de
continuar a leitura para melhor absorção peço que toque essa música.
Symphony No. 9 (Ludwig van Beethoven)
ERICA
Ok! Chegando em casa fui tirando
toda
idumentária e fui dormi. Pensei,
caramba, duas mulheres, um
maltrapilho
e o carro de onde surgiu? Foi demais
pra
mim.
Mas deixa eu te contar o que
ainda sucedeu.
Como havia dito, me deitei e
dormi e quando
me dei conta
estava numa perseguição onde é
claro
nessa altura dos acontecimentos eu era
a vitima e um homem, veja bem, estava com
roupa de caçador, tipo safari
corria atrás
de mim com um rifle, acredita? E
na rua onde
eu
estava, já era dia. Avistei um beco, vi
uma
porta entreaberta, daí corri pra me
esconder. Mas saindo do outro
lado eu estava
dentro
de uma casa. A primeira coisa que
pensei pronunciei; estou fodida! Percorrendo
entre os cômodos da casa ele vinha atrás de
mim. Não sei porque cargas d’agua decidi
entrar
pela porta de um gabinete no
banheiro.
Lá estava eu na rua novamente.
O dia já era declarado outro e
estava
muito claro e eu ali naquela rua sozinha e
vazia.
O homem já não existia. Tentei
me
localizar e não estava longe de
casa.
Fui para lá e desabei na cama.
Abri os olhos e a luz estava
acesa,
de uma claridade que as luzes florescentes
invejariam se visse. Pensei ter apagado
ou nem ligado quando cheguei. Ouvi um
cochicho. Você acredita que
tinha uma moça
na porta do quarto que falava algo que eu
não entendia, se aproximou e falou ao meu
ouvido
e sorria, mas mesmo assim não
compreendi. Fiquei ali inerte,
observando
os movimentos dela. Ela se aproximou
novamente e encostou sua mão em
minha
cabeça. Comecei a ver luzes piscando,
eram vários pontos de luz e também uma
corrente circulante de cor azul.
Sabe onde eu estava? Olhando o que se
passa durante o processamento de nossa
mente ela me fez saber e ai
voltei
e a moça desapareceu.
Susto maior quando voltei tomei
me vendo
deitada com olhos fechados e uma expressão
de quem estava sendo atacada,
eram vozes
horripilantes e seres querendo vir
sobre
mim como pode ser isso?
Que susto tomei eu ali deitada,
com ar de
assustada e expressão de socorra-me!
ERICA
E então, o que você me diz?
Joana? Joana?
Joana? Joana?
A música soa mais alto e Erica diz, sim.
O dia raia
e o despertador a faz discernir.
ERICA
Não
acredito que estava sonhando, mas Joana parecia tão real. Que droga! Ah, se não
fosse você Gal.
"Ressuscita-me
Ainda
Que mais não seja
Porque sou poeta
E ansiava o futuro"
"Ressuscita-me
Ainda
Que mais não seja
Porque sou poeta
E ansiava o futuro"
O AMOR.GAL COSTA.wmv
Olha para o
relógio e esbraveja. Não acredito, estou atrasada! Corre, vai se vestir e
encontrar a amiga para contar tudo o que viu.
São Paulo,
trecho de sonhos tido até 2003.
"A vida segue o rolar de um moinho, nunca sabemos onde será seu reinicio."
Fim.
Sandra Freitas
São Paulo, 26 de Novembro de 2012.
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