O trem fantasma passa. Na plataforma da estação
perambulam almas penadas...
Parado esta, próximo ao elevador, um homem, que
aparenta ter seus trinta anos, 1,70m de altura e olhar devasso (única
constatação exata). Milimetricamente dos pés a cabeça me segue. Isso me
incomoda e a essa hora? O humor daquele
jeito, estava atrasada. Por sorte um louco (sete da matina) não parou
de buzinar próximo a minha casa, daí,
atrasada, mas acordei. O banho ficou pra mais tarde. Puts! Mais um dia com essa calcinha (!).
Atrasada, agora, só me resta, o gosto do
creme dental na boca pra disfarçar a bendita ressaca. Aquele olhar me
desconcertava. Dei um giro e no parâmetro de outro ângulo me livro da imagem
sedenta do sujeito. Já não havia mais o que inquirir, a respeito da morte do
desejo que o tornava pervertido. Ao menos pra mim. Não foi um ato abusado. Eu é
que da noite anterior estava virada. Um esporro no mínimo ele receberia se
tentasse se aproximar. Amizade? Sem
chance! Não curto caras com esse tipo de abordagem. Bem certo que ele tentou a
sorte, mas não foi feliz.
Seguindo viagem... Sorrisos anônimos, gestos sem
nome, e afinal, o que é ser normal?
Ele disse pra mim que desde pequeno, sempre soube...
“Gosto de Garotos!”. Sutilmente mencionei toca-lo, desabrochou num RiRiRi,
RaRaRa. Um amigo sempre diz:
"é, a vida não tá fácil pra ninguém!"
Se relacionar (?) eterna incógnita. Porém o tempo já
me mandou a real, imprópria para se
degustar... "quem procura muito, não quer achar nada" eterno
amante da liberdade.
Comentário postado no site Recanto das Letras
ResponderExcluir10/11/2014 19:55 - Jota Cabral
Excelente, solto e criativo! Deixo um convite para que conheça a minha escrivaninha.